Ações e perspectivas da pandemia de COVID e Prevenção e tratamento da infecção urinária recorrente

Entrevista feita pelo Dr. Arie Carneiro com Dr. Fabricio Carvalho: 

 

  • (Dr. Arie Carneiro) Qual a diferença entre isolamento vertical e o horizontal? 

(Dr. Fabricio Carvalho) Isolamento horizontal: Isolamento individual de toda a população. Modelo vigente na atualidade no Brasil e em outros países, como China, Japão, Itália, UK, França, etc.

Isolamento vertical: isola-se apenas determinados grupos, como por exemplo os grupos de risco.

  • (Dr. Arie Carneiro) O que significa o termo “R0” que temos escutado na mídia?

 (Dr. Fabricio Carvalho) R0 é a capacidade que o vírus tem de se disseminar. O número significa uma estimativa, equivalente a quantas outas pessoas vão se infectar diretamente, a partir de um paciente infectado. Exemplo: Um paciente A passará o vírus para os pacientes B, C e D (R0 = 3). Esta epidemia está com R0 estimado entre 2 e 3 (aproximadamente 2,7).

  • (Dr. Arie Carneiro) Após tomadas as medidas iniciais do governo qual a perspectiva no Brasil nesse momento? Teremos o colapso do sistema de saúde?

(Dr. Fabricio Carvalho) Difícil termos uma estimativa correta dos números, uma vez que estamos testando apenas os casos hospitalizados, ou seja, os casos graves. As medidas adotadas até o momento parecem adequadas, pois vai de encontro ao que todas as autoridades e especialistas em saúde pública do mundo têm orientado e feito. Quanto ao colapso do sistema de saúde, é possível que ocorra se as medidas de restrição de circulação e isolamento social não surtirem os efeitos esperados, e excedamos o número de casos graves com o qual tenhamos capacidade de atender.

  • (Dr. Arie Carneiro) Quais são os principais sinais e sintomas da doença?

(Dr. Fabricio Carvalho) Os principais sintomas são: febre, sintomas respiratórios (tosse, coriza, obstrução nasal, dor de garganta, falta de ar), além de dores no corpo, cansaço, diarreia e náuseas

  • (Dr. Arie Carneiro) Quando o paciente ou familiar deve se preocupar e ir ao hospital?

(Dr. Fabricio Carvalho) A orientação do MS hoje é que devam procurar os serviços de atendimento médico de urgência, apenas os pacientes que apresentem quadros graves (caracterizado principalmente por falta de ar) ou nos quadros onde os sintomas são muito importantes, a ponto de não conseguirem ser controlados em ambiente domiciliar.

  • (Dr. Arie Carneiro) Se alguém da minha família tiver o teste confirmado, como ele deve proceder?

(Dr. Fabricio Carvalho) Se esta pessoa apresentar apenas sintomas leves (sem falta de ar) ela deve permanecer em seu domicílio e tomar remédios para controle destes sintomas (analgésicos e anti-térmicos para dores e febre, e evitar o uso de anti-inflamatórios não hormonais). Par quem tem possibilidade, o ideal é sempre consultar um médico para tomar qualquer decisão ou tomar qualquer medicação. Em caso de piora dos sintomas, especialmente da falta de ar, deve se dirigir a um serviço de emergência para ser avaliado quanto a necessidade de hospitalização.

  • (Dr. Arie Carneiro) Se alguém da minha família tiver suspeita, mas não conseguiu realizar o teste, como devemos proceder?

(Dr. Fabricio Carvalho) Exatamente da mesma forma como o grupo anterior. As orientações são exatamente as mesmas.

  • (Dr. Arie Carneiro) Se alguém da minha família ou eu mesmo tiver tido contato com alguém que confirmou a doença, como devo proceder?

(Dr. Fabricio Carvalho) Isso depende como foi o contato. Se foi um contato pontual, com curtíssima duração, o risco de contágio é muito baixo. Se o contato foi prolongado (mais de 15-30 min, com menos de 1 m de distância), essa pessoa deve ficar em observação, para verificar o aparecimento de sintomas, num período de sete dias. Deve evitar o contato com outras pessoas durante este período, e respeitar as regras de isolamento propostas pelas autoridades.

  • (Dr. Arie Carneiro) Em relação a prevenção da doença ou prevenção da forma grave da doença, existe algum medicamento que possa ser utilizado?

(Dr. Fabricio Carvalho) Não existem evidências científicas que suportem esta prática. Ainda não existem recomendações para uso de medicações de forma preventiva.

  • (Dr. Arie Carneiro) Quais os medicamentos que estão sendo utilizados para os pacientes hospitalizados?

 (Dr. Fabricio Carvalho) Nenhuma das medicações prescritas para os pacientes hospitalizados, até o momento, têm comprovação de eficácia clínica. Ou seja, sabemos que elas têm ação contra o vírus “in vitro” (no laboratório, em ambiente experimental) mas não se sabe se elas têm eficácia clínica (em seres humanos, com capacidade de resolução da doença) e nem se elas são seguras para serem administradas (se os possíveis efeitos colaterais não poderiam fazer mais mal do que bem). Algumas das medicações que estão sendo prescritas são: Hidroxicloroquina, Azitromicina, Lopinavir/ritonavir, Tocilizumab, corticoesteróides, entre outras.

  • (Dr. Arie Carneiro) Em caso de eu ou algum familiar estiver com sintomas clássicos de COVID19, devo ir a farmácia e comprar a cloroquina?

 (Dr. Fabricio Carvalho) Não. Esta prática não é recomendada. Antes de        tomar qualquer medicação específica para o tratamento de COVID-19, o indivíduo deve sempre ser avaliado por um médico.

  • (Dr. Arie Carneiro) Se alguém da nossa família que trabalha em uma área essencial (saúde, segurança, supermercados, etc), como devemos proceder?

(Dr. Fabricio Carvalho) Deve-se seguir as recomendações dadas pelo MS e pelas Secretarias Estaduais de Saúde, que recomendam higiene repetidas vezes das mãos (com álcool gel ou agua e sabão), evitar apertos de mão, beijos, abraços e a etiqueta respiratória (evitar tossir e espirrar próximo das pessoas, e ao faze-los, sempre com a boca coberta pelo antebraço ou cotovelo).

  • (Dr. Arie Carneiro) Existem pessoas que recentemente tiveram uma gripe ou resfriado forte, teria como saber se foi ou não COVID?

(Dr. Fabricio Carvalho) Não temos como saber isso no momento, pela pouca disponibilidade de insumos para diagnóstico, disponíveis no momento. Possivelmente, em breve, tenhamos mais ferramentas diagnósticas disponíveis para este tipo de situação.

  • (Dr. Arie Carneiro) Em relação a outras doenças, como tem sido? 

(Dr. Fabricio Carvalho) As outras doenças continuam a acontecer. Por isso, os hospitais têm de se manter ativos, e se estruturar para atender outras emergências que continuam acontecendo.

       (Dr. Arie Carneiro) Qual as principais diferenças entre o COVID19 e o H1N1?

(Dr. Fabricio Carvalho) Quanto a apresentação clínica, é difícil de caracterizar, especialmente para um leigo, já que ambas se contraem pela via respiratória, e podem se apresentar inicialmente com sintomas respiratórios. As principais diferenças estão na evolução dos quadros graves, e nos aspectos epidemiológicos.

  • (Dr. Arie Carneiro) Voce teria alguma dica para nos dar de como tentar evitar e/ou identificar as “fake News”?

(Dr. Fabricio Carvalho) É sempre muito importante seguir as informações que possuem fonte confiável, especialmente dos canais oficiais de informação, como os órgãos públicos (OMS, Ministério da Saúde, ANVISA, Secretarias de Saúde dos Estados, etc). Também, antes de repassar uma informação ou adotá-la como verdade, checar a fonte de onde ela veio. Se não for de fonte oficial, melhor sempre confirmar. Passei uma lista sites, onde podemos tirar dúvidas e nos informar.

  • (Dr. Arie Carneiro) Qual mensagem final você daria para as pessoas neste momento?

(Dr. Fabricio Carvalho) Acredito que em momentos de crise ou de provação, devemos sempre manter a calma e o bom senso. Sem eles, podemos tomar decisões infundadas e prejudicais. E com eles, conseguimos manter o discernimento para acreditar na verdade e na ciência. Essa crise fará com que as pessoas passem a apostar mais na ciência e no conhecimento, do que em narrativas e nas opiniões pessoais. Se todos seguirmos as orientações dadas pelos especialistas, pelos órgãos públicos e cooperarmos com as saídas propostas pela ciência, teremos mais chances de sair desta crise mais rapidamente e de forma menos dolorosa. Estão sendo dias difíceis e continuarão sendo, mas temos o dever de colaborar, fazendo nossa para que eles se encerrem o mais rápido possível.

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